Agir e Calar

mai 21, 2024

Pe Antônio Hilton e Pe. Jéverson de Andrade tomam posse em Juazeiro do Norte (CE)

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A equipe de redação da revista Agir&Calar teve o privilégio de entrevistar os dois sacerdotes mais jovens da Província Brasileira da Congregação de São José (Josefinos de Murialdo), Pe. Antônio Hilton da Silva Rocha e Pe. Jevérson de Andrade. Durante a entrevista, eles compartilharam suas vidas, suas famílias, a escolha vocacional e seus sonhos. De maneira especial, contaram o que significa ser Josefinos em uma terra de missão. Os Padres Antônio Hilton e Jéverson foram oficialmente empossados como pároco e vigário da Paróquia Nossa Senhora das Candeias de Juazeiro do Norte (CE), respectivamente, durante a santa missa do dia 03 de março, presidida pelo bispo diocesano do Crato (CE), Dom Magnus Henrique Lopes (foto).

A&C: Pe. Antônio Hilton da Silva Rocha e Pe. Jevérson de Andrade, é um prazer tê-los aqui conosco. Poderiam compartilhar um pouco sobre suas origens, suas famílias e como foi o início de suas jornadas vocacionais?

Pe. Antônio Hilton: Eu sou o Pe. Antônio Hilton da Silva Rocha, tenho 32 anos e nasci no Sertão Central do Ceará, na cidade de General Sampaio. Atualmente estou no segundo ano aqui em Juazeiro do Norte (CE), onde cheguei em 13 de fevereiro de 2023, logo após a minha ordenação. Meus pais começaram a se engajar mais na Igreja depois que entrei no seminário. Minha vocação teve início durante uma ação missionária em toda a cidade, no ano de 2008. Foi uma movimentação intensa, com a participação de muitos seminaristas, religiosos e padres. Decidi participar e aquilo despertou meu interesse. Após essa semana missionária, formou-se um grupo de jovens, e todo esse movimento despertou em mim o desejo pelo sacerdócio.

Pe. Jeverson: Eu sou o Pe. Jeverson, natural de Planaltina (DF), nasci em 16 de julho de 1995. Conheci a Congregação por meio da minha comunidade paroquial, que conta com a presença dos Josefinos de Murialdo. Fui acompanhado de perto pelos padres da Congregação e ali encontrei meu caminho. Antes disso, não era muito participativo e ingressei na catequese apenas aos 12 anos. Meus pais eram pessoas pouco engajadas na igreja. Foi um despertar real para mim e na minha família. Após esse momento, não parei mais de servir. Fui ordenado em Brasília, em dezembro de 2023, e logo depois vim para Juazeiro do Norte. Assim como o Pe. Antônio Hilton, a Paróquia Nossa Senhora de Candeias é a nossa primeira Paróquia depois de ordenados. Uma paroquiana brincou dizendo que “Juazeiro é como um estágio para os novos padres”.

A&C: Pe. Antônio Hilton e Pe. Jevérson, contem sobre o vosso trabalho na Paróquia Nossa Senhora das Candeias. Como é a missão nesse local e qual tem sido a experiência de servir na terra abençoada do Padre Cícero?

Pe. Antônio Hilton: Cheguei à Paróquia Nossa Senhora das Candeias logo após minha ordenação, que foi no dia 04 de fevereiro de 2023. Inicialmente, fui designado como vigário para auxiliar nos trabalhos pastorais e de evangelização. Assumi a responsabilidade pela paróquia por um período devido à ausência por motivos de saúde do pároco Pe. José Bispo de Souza (Pe. Zezinho). A paróquia foi fundada há 7 anos, inicialmente com a matriz e 5 capelas, mas recentemente ganhamos mais 4 comunidades rurais, totalizando 10. A população atendida é de aproximadamente 40 a 50 mil habitantes. No início deste ano, recebi a notícia de que assumiria a paróquia como pároco e o Pe. Jéverson chegaria para auxiliar. Nosso foco principal é o trabalho pastoral. A estrutura é limitada, com poucos espaços disponíveis: apenas uma sala de catequese, uma secretaria e um banheiro. Não temos obras sociais estabelecidas, então nosso desafio é animar e desenvolver um processo nesta jovem paróquia. Temos muito trabalho pela frente.
Realizamos celebrações, incluindo confissões, e buscamos trabalhar especialmente com as crianças, adolescentes e jovens por meio de Oratórios e encontros de Iniciação à Vida Cristã (IVC). Atualmente, temos cerca de 300 jovens se preparando para a Crisma e outras 300 crianças e adolescentes para a Primeira Eucaristia, mostrando uma participação ativa nos sacramentos. Em Juazeiro, a fé é uma característica marcante, com o Padre Cícero sendo um exemplo central dessa devoção. Murialdo é o co-padroeiro da Paróquia, e buscamos sempre falar sobre seu carisma. O Padre Cícero é uma figura excepcionalmente venerada, e sua presença está por toda parte, desde bares até igrejas. A experiência religiosa e a busca espiritual do povo são incríveis. As celebrações são bem frequentadas e as pessoas demonstram um desejo genuíno de participar ativamente da vida da paróquia. Esta realidade tem sido uma experiência marcante e enriquecedora para toda a vida. A comunidade vai se adaptando ao perfil de cada pastor que passa por aqui. A experiência aqui na paróquia é bastante diferente. Nos dedicamos muito e buscamos não cair na cilada do desânimo. O calendário é intenso, com 4 missas no domingo para cada um de nós. Entre tantas responsabilidades, procuramos não descuidar da nossa espiritualidade e da vida fraterna.

Pe. Jeverson: Estou aqui na Paróquia Nossa Senhora das Candeias há poucos meses, e mesmo que já tenhamos 7 anos de história aqui, como Josefinos de Murialdo, consideramos essa frente missionária como algo novo. O povo já percebe uma diferença em relação às outras paróquias, um estilo diferente. Lembro das palavras do Bispo no dia da entronização do quadro de São Leonardo Murialdo, relacionando isso à história do Padre Cícero, que entregou seus bens aos Salesianos em prol da juventude. Nossa comunidade tem um histórico de lutas, especialmente com muitos jovens que são os preferenciais de nosso carisma. Espero que a Congregação tenha sempre um olhar preferencial por eles. O desafio carismático é real, especialmente o trabalho com a juventude, que é urgente em nossa realidade. Há muitas crianças, adolescentes e jovens no território da Paróquia, e isso não pode passar despercebido do nosso olhar. A gente se entrega ao máximo. Os desafios são muitos e a esperança e sonhos também.

A&C: O que inspira vocês?

Pe. Antônio Hilton: A experiência de ver a transformação nas pessoas é emocionante. Uma palavra na homilia, um abraço ou uma simples acolhida faz toda a diferença. Durante as confissões as pessoas depositam tanta confiança no padre que saem mais aliviadas. Isso é verdadeiramente gratificante e é a misericórdia de Deus agindo. A gente faz todo esforço de ser o instrumento de Deus a todos, especialmente aos mais necessitados. É uma experiência de aprendizado constante que, embora cansativa, traz uma profunda felicidade. Sinto uma imensa gratidão a Deus por essas experiências, por poder imitar Jesus ao me aproximar das pessoas e sentir a vida pulsando em cada uma delas. A gente aprende todos os dias.

Pe. Jéverson: Viver o carisma de Murialdo é cuidar dos corações das pessoas, e isso envolve um campo de trabalho muito amplo. As pessoas compartilham suas preocupações mais profundas, derramam seus corações diante de nós. Nosso objetivo é ajudá-las a ter uma vida mais digna, pois elas buscam apoio e orientação no aspecto mental, espiritual e pessoal. Não há nada mais gratificante do que sentir as pessoas dando passos positivos e expressando sua gratidão pelo acompanhamento que oferecemos. Vale a pena dedicar a vida para cuidar dos corações das pessoas, em qualquer lugar e a todo momento. Ser instrumento do amor misericordioso de Deus é maravilhoso.

A&C: Que mensagem vocês deixam aos leitores do Agir&Calar?

Pe. Antônio Hilton: Devemos deixar de lado qualquer rigidez e focar no trabalho com as pessoas, cada uma com sua história, suas lutas e suas feridas. É fundamental ter um olhar compassivo que ajude as pessoas a superarem seus desafios e a experimentarem o amor misericordioso de Deus. Desejo que todos possam sentir essa presença divina em suas vidas, independentemente da idade, desde crianças até pessoas mais idosas. A empatia e a capacidade de acolher o outro são essenciais.

Pe. Jéverson: É um chamado não apenas do Papa Francisco, mas da Igreja como um todo, cuidar das periferias existenciais e voltar nossa atenção para as feridas das pessoas. Devemos priorizar a acolhida e adotar um olhar integral sobre cada indivíduo. O olhar misericordioso é aquele que reconhece a humanidade e a dignidade de cada pessoa. Que possamos caminhar juntos como Família de Murialdo, como Igreja e como sociedade, buscando sempre esse princípio de amor e compaixão.